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Mostrando postagens de maio, 2010
OS IRMÃOS KARAMÁZOV Considerações sobre DOSTOIEVSKI. Lendo este genial escritor russo chego cada vez mais a conclusão de que loucura e a insanidade são a mola propulsora da criatividade humana. Não somente no campo das artes, as conquistas, as grandes obras arquitetônicas, as mudanças sociais e, principalmente os saltos à frente dados pela humanidade, sempre foram obras de loucos genais, nem sempre “malucos beleza”, os Neros, os Napoleões, os Gengis Khan, também podem ser incluídos nesta lista nefasta, mas necessária. Porém o assunto não é este, é Dostoievski, mais precisamente os Karamázov. Alguém disse que ler Tolstoi é como passear pelo campo numa tarde de primavera. Talvez!? Já, ler Dostoievski é como passear neste mesmo campo, sob um céu hora negro e ameaçador, hora de um sol cintilante, montando fogoso e indômito cavalo sem rédeas, o qual dá saltos e bruscas guinadas imprevisíveis. Resta-nos agarrar-nos às crinas, retesar todos os músculos e curtir a vertigem, o vento no rosto,

ensaio sobre machado de assis

ENSAIO SOBRE MACHADO DE ASSIS - Estou farto do Machado de Assis! Exclamei fechando o livro, nesta semana em que estive gripado, lendo, nos intervalos da febre, as peripécias e dissabores do pobre rico Rubião, e fiquei me questionando: “ por que tão grande escritor, talvez o melhor dos brasileiros, teria desperdiçado tão precioso talento, tinta e papel, para descrever minuciosamente, como se fizesse um tratado filosófico, personagens tão medíocres?” No romance Quincas Borba, a descrição pormenorizada do sucesso do casamento do personagem José Maria me exasperou ao extremo, chega a ser um endeusamento à fatuidade. Um gênio incontestável esse Machado, mas de uma genialidade fragmentada que espoca como flashes ou relâmpagos dentro de uma narrativa por vezes fastidiosa. Expõe-nos a alma humana de forma atemporal. Serviu tanto para sua época como continuará sendo a mesma pelos séculos afora. Pena que, apesar disso, tenha se dedicado tanto a uma arte fácil, digerível; bem ao gosto do povo
LOBA Desejo a calidez alva de tuas mãos pequenas, lépidas; tua boca tépida. Enrolado na mortalha de minha rede me embalo no teu hálito, teu sorriso. Busco alcançar-te a boca e que obtenho? Quanto mais tento me aproximar mais a vejo se afastar. Me rejeita com afagos. Me mata com terna suavidade. Nunca vivi morte mais doce pôr ela anseio todos os minutos de cada hora todas as horas de cada dia. Esta morte constantemente vivida de dor e prazer constituída. E, quando descontente penso partir tu, qual deusa condescendente com um gesto apenas traz-me de volta para ti. Mantêm-me ajoelhado em teu altar quando penso me irás beijar sopra-me o rosto e ri contente. Ri de pura felicidade pôr não conhecer maldade. Zomba de minha mortalha a qual por prevenção levo sempre comigo pronto para morrer a rigor, em qualquer ocasião. Mas, a vou seguindo como o pássaro segue a borboleta admirado da sua beleza, da sua leveza ansiando porém destroçá-la em meu bico. Espero sentado em volta de tua mesa abocan
MEIO NUA A MEIA NOITE Meio nua à meia noite saio à rua encontro aberta uma porta sempre antes tão fechada fico ali parada presa atada Minha vida resumida em lembranças tua sombra vaga a passear pela calçada meio nua à meia noite inda sou tua Tarda tanto em chegar esta manhã faça dia vem cessar este afã meio nua à meia noite inda sou tua
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PANDORA este texto foi montado com: Juliana Souza(Pandora-foto) Cláudia Souza (Quimera) "O DIÁLOGO DE QUIMERA E PANDORA” Cenário : apenas um biombo translúcido a um dos cantos do palco, próximo a ele uma cadeira leve onde estará sentada Quimera olhando-se em uma bacia de porcelana com água enquanto escova os cabelos . Deverá vestir algo claro e leve. Entra Pandora, arrastando pesado baú, gemendo, demonstrando muita dificuldade em sua tarefa, ora puxando, ora empurrando . Deverá cair e parecer engraçada , descabelada . A alça de seu vestido cai constantemente, causando-lhe incômodo . Por fim senta-se sobre o baú, solta o ar, observa Quimera, a qual permanece o tempo todo na mesma atitude, indiferente a Pandora. Finalmente, aproxima-se: Diálogo de Quimera e Pandora Pandora – Sonha Quimera De sonhar consiste teu existir Eu, teço sonhos de realidade
MORTE NO ESTÚDIO Quando cheguei ao estúdio ela estava sobre o palco, sozinha, se debatendo por lembrar o texto que deveria dizer. Seu rosto se abriu num sorriso ao ver-me entrar, um sorriso grande, de dentes grandes, numa boca grande que lhe atravessava o rosto como um corte de cimitarra, ou simplesmente: um sorriso de arlequim. Seduzia muito este sorriso, principalmente a mim, sua presa mais fácil. Mas desta vez não me deixei abater. Me mantive impenetrável detrás dos óculo escuros, mergulhado na obscuridade do ambiente e na escuridão de minha alma neste dia funesto. Sentados, distantes uns dos outros, formando um triângulo que lhes conferia a força de sua estabilidade, Micael, seu colega ator, e Keronotov o diretor, desfrutavam da precária estabilidade adquirida no desestabilizá-la. Tentou agarrar-se a mim, em minhas precárias energias, mas eu me defendia de suas teias, do seu abraço de polvo viscoso, do seu beijo de vampiro, mantendo-me impenetrável. Procurei um ponto eqüidistant